Alguns acordam, bocejam, reclamam do tédio e, de
braços cruzados, aturam mais um dia. Outros levantam, sorriem e agem em busca
de um dia que os deixem satisfeitos. Normalmente conseguem. São pessoas que
buscam realizar seus sonhos sem reclamar ou pensar em obstáculos. São pessoas
como Lê Almeida, um dos artistas mais interessantes e criativos da atualidade.
À frente de diversas bandas, entre as quais seu próprio trabalho solo, Lê vem
dia a dia conquistando seu espaço sem ajuda de nenhuma grande empresa, selo ou
o que seja. Indo na contramão, montou seu próprio selo, o Transfusão Noise
Records, onde além do próprio trabalho, lança e divulga inúmeras bandas, a
maioria também batalhadores da ótima cena rock Brasileira. É um cala boca pra
quem fica na mesmice de falar que não existem boas bandas, que o rock acabou e
bla bla bla. Com guitarras saturadas cheias de Fuzz, melodias pop, letras inteligentes,
gravações Lo Fi e ótimas capas (um capítulo à parte deveria ser reservado para
as colagens que o Lê faz para produzir as capas dos discos e as filipetas /
cartazes dos shows) o selo Transfusão Noise Records, se estivesse em um país sério,
faria tanto sucesso quanto Rough Trade, Factory Records, 4AD ou Sub Pop. Mas,
sem problema, quem escuta não esquece e ajuda a divulgar, formando um grupo de
fãs e inspirando outros a fazer mesmo e provando que quem quer descruza os
braços e não reclama, faz. Transfusão Noise Records Aqui!
Mal pisei aqui na terra morena (aliás, cara pálida, o barro
é marrom ou vermelho?) e um cara quando soube que sou do Rio falou: “Você é do
Rio? Dizem que carioca é traficante ou viado... Você não é traficante né?” Se
eu não tivesse perdido contato, viraria meu melhor amigo por essa...
Corta pra semana passada, meu filho ta zangado porque alguém
na escola o chamou de bolinha. Eu ri, lembrando de um dos meus personagens de
gibis favoritos, mas daí ele fechou mais a cara e falou: “Você ta rindo?!? Você
acha engraçado?” Conversando, falei que até hoje muita gente me chama de várias
coisas, atualmente careca, antigamente baixinho, narigudo, quatro olhos e
branquelo (errata: onde se lê branquelo, leia-se Euro-descendente) e que o
negócio é não ligar, a menos claro, que haja violência física pois aí a coisa
muda de figura. Eu não sei dizer se ele ficaria preocupado se essa questão do
Bullying não fosse tão enfatizada, nem sou a favor dessas piadinhas infames,
mas ainda bato na tecla de que tudo é a maneira como você encara as coisas, não
me lembro de amigos que tenham ficado traumatizados ou tenham virado psicopatas
por causa de um apelido. Enfim, hoje peço desculpas públicas ao meu filho por
ter rido, foi mal filhão. Mas quem me conhece bem sabe que inclusive meu apelido
é Pietrix não por acaso devido a uma caricatura genial do meu amigo Vander onde
ele desenhou meu rosto no corpo do Asterix, enfatizando que sou sim baixinho e
narigudo como o herói Gaulês. E agora também na versão careca e um pouco
barrigudo.
Há alguns anos, após um pé na bunda violento que quase me
jogou de uma mureta da Baia de Guanabara,
entrei numa depressão que não era a mesma que acometeu Virginia Woolf, mas que
foi suficiente pra me derrubar como poucas vezes aconteceu. Em seguida Carl Solomon
baixou em mim e resolvi que queria me internar, levar eletrochoques, qualquer
coisa que, antecedendo Brilho eterno de uma mente sem lembranças, apagasse
aquilo da minha cabeça. Liguei para o Instituto Philippe Pinel e perguntei para
a atendente como fazia pra internar alguém e ela respondeu que bastava levar o
paciente. Como o paciente era eu, em alguns minutos já estava lá dentro
tentando convencer a psicóloga, a assistente social e dois seguranças de que eu
era um elemento perigoso pra sociedade. Bobagem, como em toda instituição, a
burocracia impera e eu não poderia me internar lá, pois morava em outra região (se
eu tivesse surtado, babando e gritando que os militares é que estavam certos,
que volte a ditadura, duvido que não me internassem), porém poderiam me indicar
outro hospital. Chegando no outro hospital, sou atendido por uma psicóloga (ou
psicanalista, não lembro) que me recebe calorosamente dentro de uma sala cheia
de incensos, puffs, só faltou o Shankar pro cenário ficar completo. Ela diz que
só faz terapia em grupo, que seria até melhor pra eu me liberar melhor, mas
como nunca fui adepto de panelinhas nem de surubas resolvo não aceitar e vou
pra casa ainda zonzo com tanto incenso, mas pensativo sobre o que deveria
fazer. Não hesitei, passei numa biblioteca, peguei o Chega de saudades do Ruy
Castro e mais o Trópico de Câncer do Miller e decidi que dali em diante não
teria mais depressão. Isso aconteceu em 2001, conheci muita gente depois que
faz análise, que toma remédios, que vive deprê e eu no fundo acredito que basta
a pessoa levantar pra mudar a situação, é muito fácil um médico te passar um
remédio controlado e disfarçar seu real problema. É igual cachaça, depois do
porre te dá ressaca e você percebe que o
mundo não mudou, que a novela é a mesma, que os Stones ainda estão tocando, que
o Ridley Scott ainda não parou de fazer versões de diretor para Blade Runner e
que o escritor mais lido ainda é o Paulo Coelho. Auto análise na veia, você se
descobre mais, economiza uma grana e ainda tem tempo de ouvir um disco. Só não pode ser dessas bobagens universitárias, senão a depressão volta e não há Tarja preta que resolva.
Segunda Feira, fim de tarde, eu com um copo de guaraná na mão,
um amigo com um copo de tequila, cigarro entre os dedos, chapéu Panamá. De
repente ele brada: “Vou pra uma ilha, ninguém vai me achar mais, aqui não tem
nada, deixo tudo pra você. Acabaram-se as amizades, você é um dos poucos que
tenho, o sonho acabou...” Daí em seguida tomou outro gole e chorando disse: “Pra
mim, um dos momentos mais tristes da biografia do Paul McCartney foi quando o
Lennon bateu na porta do Paul e ele não abriu. Ali ele viu que a amizade havia acabado...”.
Fui pra casa com um grilo na cuca, pensando nos amigos que
ficaram pra trás e nos que me ignoraram. Tive um amigo que conheci quando este
era adolescente, aspirante a poeta, achava seu conhecimento cinematográfico
impressionante, sabia de música como poucos. Apoiei o que pude, divulguei pra vários
amigos suas idéias, apresentei pessoas que julguei serem importantes para seu
futuro promissor. Um dia mandei Email não respondeu. Tentei mais algumas vezes
e nada. Reli as últimas mensagens que trocamos e nada demonstrava que um dia
ele me presentearia com seu desprezo. Soube por amigos que lançou alguns livros
e volta e meia está em evidência. Parabéns pra ele, a poesia fica e amizade
acaba, talvez a única sinceridade esteja no silêncio.
Muitos amigos sonho em rever, amizade sempre foi sagrada pra
mim, ainda que nem sempre eu esteja com tempo de visitá-los. Já briguei muito
pelos meus amigos, alguns mereceram e outros não. Mas mesmo para os que não
mereceram deixo os braços abertos.
E pra esse amigo que quer ir pra uma ilha, deixo o recado
que se algum dia bater na minha porta, não deixarei de abri-la, o sonho não
acaba tão fácil pra mim.
Ouço todo dia um monte de gente reclamando da cultura local,
que nada muda, etc, mas se querem saber isso já é algo mundial. Quando eu
morava no Rio também era assim e aposto que em Paris tem gente falando o mesmo.
O problema é a falta de movimentação, de iniciativa. Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar, valeu
Chico. Não adianta guardar as idéias pra você e meia dúzia de pessoas, tem que
divulgar, circular. E essa de esperar iniciativa de governo, patrocínio,
esquece, já criaram o crowdfunding justamente pra ser algo independente, é a famosa
vaquinha entre amigos só que com a ajuda da internet. Chega dessa história de só
reclamar. Bobagem. Eu não gosto desse papo de que temos que valorizar tudo o
que é nosso. Tudo também é demais, dá pra peneirar e mostrar algo bom, senão
vira isso que a gente vê todos os dias na TV, Rádios e Internet. Antigamente
existia segmentos, hoje você escuta rádio e ta lá o rock e o popular de mãos
dadas. Daí eu viajo e vejo aberrações. Desculpa Fundação de cultura, mas
chamar uma menina de 7 anos pra cantar num festival Ai se eu te pego e Vai no
banheiro pra gente se beijar é demais não? Não é pela música que na verdade
nem me incomoda mais, mas pela idade da menina. Depois fica essa falsidade na Tv de pessoas solidárias falando que as crianças e adolescentes estão precoces como se estivessem muito preocupadas. Pra cima de mim não.
Acho que chega né? Ta na hora de estacionar o Camaro, voltar
a andar de Brasília amarela e tentar mudar algo antes que o mundo acabe em
Dezembro.
Cada um tem um gosto, sejam bons ou ruins... Desde cedo ouço
isso e sempre procurei respeitar, apesar de não ter o menor pudor em criticar
quando acho muito ruim. Gosto é gosto, ninguém é dono da verdade, embora às
vezes dê vontade de ser. Há pessoas que tem um impecável mau gosto, já dizia Otis
Ferguson. Um amigo criticava a noiva porque ela queria ir ao pagode e ele não.
Um dia terminaram o namoro e em poucos dias ele foi a um pagode com uma
paquera. Vai entender. Não tenho o menor problema em fazer concessões. Já fui
com minha esposa em show do Fábio Jr e do Thiaguinho e não morri. Nem mudei meu
gosto. Continuo achando que os shows da minha vida foram Mogwai no Armazém 5, Violeta de Outono na Lona Cultural Gilberto
Gil, Zumbi do mato no sebo Baratos da Ribeiro (primeiro show q ajudei a
organizar) e Lobão numa lona que tinha na Barra. Esse do Lobão teve uma coisa
especial, pois em dado momento o som falhou e ele improvisou Help com uma pose
meio Freddie Mercury no 1º Rock In Rio e foi uma das interpretações mais
sinceras e alucinantes que já vi. Assisti muitos shows excelentes de bandas
como Dimitri Pelz, Boêmios, Autoramas, Morrissey, Blues Etílicos e inúmeros que
a mente vai deixando pra trás. Perdi todas as idas do Echo and The Bunnymen ao
Rio e não fui aos Stones em Copa. Não quis ir. Prefiro ficar com a imagem do
Jagger apontando o dedo pra uma menina da platéia e cantando You can't always get a man what you want. Mas
com certeza não perderia Hendrix careca, tocando com um dedo numa cadeira de
rodas.
No final das contas, essa coisa de ter bom ou mau gosto é
uma bobagem, basta não levar tudo tão a sério. Mas cá entre nós, ter que ouvir
dentro de um ônibus lotado uma turminha de adolescentes escutar um celular
barulhento tocando Funk é um pouco demais né? Ultrapassa a linha do mau gosto e
não tem fone de ouvido que resolva. Melhor descer do ônibus e ir a pé. Só não
sei como descer do ônibus desse século, mas ainda descubro e conto pra vocês.
Esqueçam a Katy Perry. A Katy do momento tem dois T e se
chama Winne, Katty Winne, Alagoana, mas também poderia ser inglesa. Sorte nossa. Talvez quando seus pais escolheram o nome já previam
que ela nascera com nome de banda. E que banda. Desde seu surgimento, ainda tímida,
em 2010, frente à banda Slowdrop, Katty tem criado canções Indie, Pop, Noise, ou
seja lá o que a cartilha dos rótulos dita .O fato é que através de um trabalho
constante de divulgação e pelo fato de ser bastante comunicativa, o blog
Floga-se divulgou e o selo Popfuzz Records gravou seu Ep, Molly Gun, um
petardo de 5 faixas, que começa certeiro em Forever e caminha suavemente até
Your Girl , faixa que encerra ensurdecedoramente brilhante esse disco que
poderia muito bem ter sido gravado em 1993 ou 94, embora atualíssimo.
O disco tem produção da banda My Midi Valentine e de Márcio
Junior, não por acaso também guitarrista da banda. Completando o time estão Iran
Félix no Baixo e Junior Pinheiro na Bateria.
Mas, na verdade, pra que resenha? Melhor mesmo é saber da própria
Katty de onde vem tantas idéias e o que vem pela frente:
O que surge primeiro na sua mente, as canções, as letras
ou vem tudo junto num improviso?
Katty: Na maioria das vezes, vem os riffs. Depende muito do
momento. Muitas vezes estou com o violão ou com a guitarra e começo a criar os
riffs e arranjos. Mas, se eu estiver com algum sentimento "gritando"
dentro de mim, começo a escrever sem parar. Nem que sejam só fragmentos de uma
nova canção.
Acho que a única canção que veio tudo de improviso foi
"Johnny".
Curioso é que seja no violão ou na guitarra, suas
canções são sempre redondas, parece que letra e música nasceram juntas. Já
aconteceu de você começar uma canção e determinado pedaço ir parar em outra
música?
K: Hum...Já aconteceu sim! Com "Forever"eu tinha feito a
letra, pra uma outra canção... Ela foi feita bem de improviso. Eu
tinha terminado de gravar "Your Girl"e o Márcio perguntou se eu tinha mais alguma pra gravar. Daí
criei ela na hora. Mas, esse refrão e tal eu já tinha pensado pra outra música. Lembrei dele na hora!
Engraçado é que Your Girl, talvez por uma certa fúria
que as outras não tem, sempre me deu a impressão de ter sido a última a ser criada e gravada. Algo como Twist and shout ou Money dos Beatles, que dizem ter praticamente acabado com a voz do Lennon no fim das gravações.
K: "Your Girl" é antiga, fiz em
2010, na época da minha antiga banda "Slowdrop"
Era uma banda mais shoegaze, correto?
K: Exato, era
meio My Bloody Valentine, Pixies, Weezer e Nirvana. Inclusive
"It's too Close" eu fiz para o Slowdrop.
Antes da banda você já tinha composições? Quando foi o pontapé
inicial, o dia que você disse pra si: vou fazer músicas!
K: Faço música desde criança! Sempre gostei de escrever, e sempre quis tocar. Quando meu
pai me deu um tecladinho, eu tinha cinco anos e ficava me imaginando em frente à multidão.
Mas, eu só vim assumir minha vida musical, em 2010, quando
eu estava na banda. Foi quando comecei a "exibir" minhas músicas.
Como eu tinha feito "It's Too Close" e eles
curtiram, eu pensei que seria legal continuar compondo e exibindo. Mas, comecei
a compor e não mais pensando na Slowdrop, aí o Mario Alencar, que era o vocal e
baixista da Slowdrop e hoje é vocal e baixista da Flowed, me deu essa ideia de
montar um projeto meu. Foi aí, que nasceu "Katty Winne" o projeto
solo de Katty Winne.(risos)
Mas teve uma transição entre a Slowdrop e a Katty Winne
(banda), correto? Tem uns vídeos que você gravou que circulam na internet...
K: Aaaah, sim. Então, eu gravei o primeiro EP, o "Super
Universe", que foi lançado pelo selo Mídia 84. Mas, depois disso eu
abandonei o projeto. Tive uma banda gospel que não deu certo. Depois fiquei só
tocando na igreja e tal. Mas, eu achei muito legal a idéia de gravar uns vídeos
com músicas minhas ou não e publicar.
Só fui retomar o projeto no final de 2011. Comecei com minha
musiquinha folk, a "Tchutchutchururu", que acabou ficando abandonada. Mas não para sempre.(risos)
Essa música, aliás, parece uma alfinetada na Mallu
Magalhães... Foi intencional?
K: Não. Nem foi. Eu nem tinha pensado nela. Eu só achei
legal fazer algo bonitinho e fofo. E me veio na cabeça esse lance de
"Tchutchutchururu". Eu nem sei o motivo.
Nessa onda de tche e tchu, incrível não ter estourado...
Seria bem mais legal ter ela tocando em rádios.
K: Tenho certeza disso!!! (Risos) Seria
muuuuuuuuuito mais legal! Não é lá em um ritmo que o povo curta!
Atualmente você está divulgando seu Ep Molly Gun, via
PopFuzz Records. Como foi esse contato?
K: Digamos que o Floga-se ajudou muito! Eu não tinha
pensado em lançar pela Popfuzz. Queria muito, mas, não achei que ia rolar.
Depois do Floga-se, a galera entrou em contato comigo e aí marcamos uma reunião
e nossa "história de amor" começou. (risos)
Eu conheci o pessoal da Popfuzz, na época da Slowdrop. Eles
estavam de olho na gente!
E acabou dando certo porque, além do cd, a banda tem feito
vários shows...
K: Siiiiiiiiim! Super certo!!! Fiquei mega feliz com a
resposta das pessoas em relação ao EP.
Fizemos alguns shows já. Tocamos por aqui em Maceió,
Arapiraca e Bahia.
Nessas viagens você tem conhecido muitas bandas. Que nomes
você destaca no cenário atual?
K: Rapaz, eu conheci muita banda sensacional. Troquei ideia com o pessoal do Camarones e me tornei mais
fã! Vi show da
Foxy Trio e da Sex On The Beach. Eu tenho que falar das bandas daqui... Caramba, quanta banda boa tem por aqui!!! Coisa fina!!! (Risos)
Tem o Flowed, Sticky Garden,
Necronomicon... Team.Radio, banda de Recife, que faz um som meio
Shoegaze/Dream pop, coisa linda de ouvir. My Midi Valentine, que tá meio sumida mas a gente tem
agora um gostinho de ouvir os meninos em seu novo projeto que é muito bom.
"Capona" é o nome do projeto. Merece muito destaque! Eles só lançaram
uma demo de uma música chamada "Dumbest Guy Alive" e é muito bom!
Saiu no Floga-se inclusive! Vou ver eles nessa sexta no Teatro Arena e já tô
ansiosa. A banda Baztian, que me surpreendeu muito! É uma galera da
Popfuzz. Eu não conhecia o trabalho deles até que esse ano eles voltaram e
tal e tão com tudo. Vão lançar algo esse ano e eu quero muito ouvir.
Banda Eek, que é daqui também e faz um som muito bom! Já vi
um show deles e achei demais.
Há pouco falamos de amor, quando você disse que tem uma
historia de amor com a PopFuzz. Esse é um tema constante em suas letras. Que
amor é esse, de onde vem? Como você o definiria no seu trabalho?
K: O meu trabalho acima de tudo é muito sincero. Tem muito
de mim nele, desde os riffs até as letras. Em nosso novo trabalho, que será lançado até o final do ano, terá músicas do guitarrista, mas como ele não costuma
escrever, as letras ainda ficam comigo. Ahh, e vai ter uma instrumental,
totalmente dele, tô adorando isso dos meninos começarem a compor!
É sempre bom manter a equipe unida!
Por fim, soube que você está com mais um projeto, dessa vez
Folk. É mais uma transição?
O que podemos esperar da Katty Winne daqui pra frente?
K: Bem, eu sempre quis um projeto folk! E resolvi montar o
Lemonoise Folkpie (nome lindo! Risos).Vai ser uma união de Winne e seus amigos cheios de noise e folk, e se rolar torta
de limão melhor ainda. (risos) Então vou me dedicar um pouco
a ele. Ainda não o suficiente, porque vamos nos trancar agora em setembro, só pra
gravar músicas novas pra banda.
Seria então Katty e seus convidados?
K: Sim, mas tá meio sem forma ainda...É melhor...Ao
menos por enquanto (risos)
Katty, obrigado pelo bate papo, parabéns pelo sucesso da banda e espero ouvir em breve novas músicas.
Muito obrigado pela oportunidade! E até o fim do ano
tem mais!!!
Acabo de confirmar o
que eu já sabia há tempos: você é a escritora mais legal a passar pelo meu
cérebro desde Ana Cristina César. Digo escritora, mas poderia também dizer
Poeta ou Jornalista, Jornalista mesmo de verdade, com letra maiúscula, com formação
na vida, na observação, assim como a Clarice era. Esqueça essa bobagem de não
ter diploma, Nelson Rodrigues, Samuel Wainer e Torquato Neto também nunca
tiveram e deu no que deu.
O que você publica eventualmente no seu blog ou em outros
sites é mais digno de nota do que muita bobagem que se publica diariamente nos
grandes jornais. Meu espanto é saber que você entrou para a área jurídica mesmo
tendo tido a chance recente de se enfiar na Shakeaspeare & Company em Paris
e se transformar um uma Simone de Beauvoir moderna. Hemingway ficaria
orgulhoso. Mas tá certo, você tem que sobreviver e ajudar na formação
intelectual e cultural do Antônio, quem sabe, pra variar, ele se vingue no
futuro e se transforme naquilo que você sempre sonhou. Não é assim que sempre
desejamos?
O que sei é que dentro dessa caretice toda, em meio à toda
essa coisa de escrever rápidas considerações em redes sociais, na ausência de
uma turma de peso na nossa crônica atual, você se destaca e quem não te conhece
ou nunca leu nada que escreveu tá por fora. Reclamam que não tem nada de bom no
cenário atual mas sequer percebem que tem um talento dentro da menina dos
olhos, basta tirar a venda e enxergar.
Agora, Léo Copetti, faz um favor pra esse teu amigo: não
perde tempo e casa com essa mulher!
Quem me conhece sabe que não sou nada ligado em política,
que meu negócio sempre foi arte e cultura em geral. Mas hoje não tive como não
me indignar ao saber que minha esposa foi ameaçada por um aluno de 14 anos e
que nem ao menos tem segurança na escola que trabalha pois o Digníssimo
Prefeito desta cidade retirou os mesmo de lá, assim com fez em outras escolas. É
uma vergonha você trabalhar para educar crianças e adolescentes e além de não
ter o mínimo de valorização, ainda se sentir inseguro porquê aqueles que tem a
obrigação de te defender fazem pouco caso. Na hora de obrigar os servidores a
votar em quem querem, com risco de serem exonerados, eles agem com pulso firme.
Tapinhas nas costas dos eleitores, promessas e dinheiro rolando solto, tem
gente que até casa ganha pra votar calado. Mas meu voto não terão, esse
gostinho não dou. Se eles querem meu sangue, terão o meu sangue só no fim.
Acordei
e a tv estava ligada passando o clip de Coming up do Mccartney. Em seguida
passa Stir it up do Marley e me arrepio ao ouvir Mick Ronson tocando os
primeiros acordes de Ziggy Stardust. Olho ao redor, em meio às caixas que estou
organizando para mudar de casa vejo um Rimbaud perdido entre uma Ana Cristina César
e uma biografia do Serge Gainsbourg. Tem um trompete que insisto em tentar
tocar sobre a cama ao lado de um cd (gravado) de Be Bop. Vou até o quintal e
escuto um poético refrão de Michel Teló. Opa, aperta o stop, desliga o som, despluga
tudo, se alguém parar o mundo, ao invés de descer vou pular de cabeça.
Dia
desses ouvi de um cliente no meu trabalho que temos que valorizar o Luan e o
Michel (nem precisam sobrenomes, são reconhecidos internacionalmente), pois
eles estão mostrando a cultura de Mato Grosso do Sul para o mundo. Pois é senhor
esse é meu medo, porque se essa é a cultura daqui, o último a sair do aeroporto
apaga a luz, por favor, desisto, melhor pegar tudo o que acumulei nos últimos anos
e queimar. Bem que desconfiei quando cheguei aqui há alguns anos e vi um cartaz
divulgando um show da Tati Quebra Barraco pela bagatela de 50,00. Fugi do Rio
pra não ouvir Funk e olha o que deu...
Aliás,
temos que valorizar o Funk porque ele é o representante mundial da cultura
Carioca. Esqueçam que um dia Vinicius e sua turma passou por lá.
Mick
Jones, Joe Strummer, façam-me um favor, quebrem essas guitarras e me deixem
dormir.
Às vezes é só preguiça mesmo. E é essa preguiça que talvez
me impeça de conquistar algumas coisas, como ganhar na mega sena, por exemplo.
Ontem mesmo eu conversava com minha amiga Katty Winne (da
qual falarei mais tarde em outro texto) quando após uns 30 minutos percebi que
eu não falava nada de produtivo, era o mesmo blábláblá entediante parecido com
esses que a gente improvisa quando encontra alguém na rua e não tem o que
dizer. Pedi pausa, dei à mão à palmatória, respirei uns 10 minutos e pensei que
anos e anos de leitura não me serviram nem pra puxar um bom papo. Mas não era
verdade, eu é que estava desinspirado, então, fechei o livro e fui viver.
Grande Neruda, sempre me salvando.
A verdade, se é que existe alguma, é que essa preguiça que
tive ontem é algo comum, rotineiro. Mais fácil dizer que nada acontece e deixar
o mundo agir. Só que o mundo não age, daí você pode estar em Paris que vai
achar tudo um saco. Melhor culpar a cidade, a cena cultural, o cinema que não
passa o filme que você quer assistir. Mas, peraí, o filme não passa e você fez
algo pra mudar isso? On the road ficou em cartaz na minha cidade uns míseros 10
dias e quantos foram assistir? Salas vazias para esses Cinemarks da vida
significam que da próxima vez é melhor não apostar num filme desses, e que venham
mais Homens Aranhas para garantir bilheteria. Daí chove gente depois reclamando
que não tem nada que preste no cinema.
Talvez eu tenha me cansado de só escutar opiniões de como
ter um mundo melhor, então, Rita, dá licença, mas eu vou sair do sério e agir,
não dá pra ficar na mesmice reclamando, algo tem que ser feito pra que voltem
as idéias e eu não caia nessa de preguiça mental. Do contrário terei que ouvir
os tchu tchu tchu da vida e cair no erro de achar que eles são mais criativos
do que eu, do que a Katty, do que o My midi valentine, do que qualquer um que
batalhou pra ter seu espaço mas ainda paga as contas atrasadas.
Então, Eliana, obrigado, você não fez minha cabeça na infância,
mas estava certa: Xô preguiça, sai fora. Se alguém perguntar por mim diz que
fui por aí, beijinho, beijinho, tchau, tchau.
"Imagine
um sebo de livros e discos em geral onde você senta e conversa sem ser
perturbado, a música ambiente vai de My bloody valentine a Miles Davis, os
livros vão de Ginsberg a Jorge Amado, poetas lêem seus textos ao som de uma
banda ao vivo, enquanto um grupo, alheio à tudo, planeja manifestos culturais e
discute literatura. E tudo isso em Campo Grande, bem no Centro Oeste do país!!
Imaginou? Então venha conhecer o sebo Subcultura, o único
da cidade em que você vivencia isso e muito mais." "paixões:
Cultura em geral e bom bate papo
livros:
Com folhas, letras, poeira, até sem capa vale.
música:
Jazz + Hardcore, Indie rock + Samba, Psicodelia + Rap
programas de tv:
Entre linhas
cinema:
Qualquer um ético e não ético"
Assim era a descrição no Orkut do Perfil do Sebo Subcultura,
loja que montei com um amigo da época, mas que devido a diversas circunstâncias
durou apenas de setembro de 2007 a março de 2008. Tempo suficiente para agitar
muita coisa na estranha cena cultural de Campo Grande, MS.
A anarquia já começou no primeiro dia onde a primeira música
tocada foi Only Shallow do My Bloody Valentine, no momento em que meu amigo de
andanças indies Bira (não confundir com o(s) Bira(s) da banda Jirhad ,atual
Studio 89) entrou na loja pois fazia questão de ser o primeiro a entrar naquele
que prometia ser o núcleo de diversas ações culturais. Numa cidade acostumada a
tocar sertanejo, modas de violas e pop em geral, tocar My Bloody nos deu a
mesma sensação de ver os Sex Pistols assinando contrato em frente ao Palácio de
Buckingham. Daí em diante a coisa tomou proporções inimagináveis,
principalmente levando em conta que o acervo da loja era nada, comparado com os
sebos gigantes da cidade.
A inauguração oficial se deu no Sábado, 15 de Setembro, com
um show inesquecível feito pela Banda Jirhad, gratuito, feito para alguns
poucos felizardos. Nas semanas seguintes diversas exibições de filmes (Bandido
da Luz vermelha, Terra em transe, Acossado, etc), leituras de poemas, exposições
de quadros como a do genial Luciano Alonso, Jam sessions (duas guitarras, dois
Luiz e muitas idéias na cabeça), o bate papo empolgante sobre literatura, psicanálise
e o que mais coubesse no “outros papos”, evento idealizado por mim e pela Andréa
Brunetto, sem contar a turma de amigos que se reuniu, se conheceu, namorou até,
e alguns que até hoje me acompanham nos meus delírios culturais.
Foi uma época única que infelizmente durou pouco, mas que
devido à boa lembrança, me motivou a criar esse blog, onde abro espaço para idéias,
divulgações, vendas e trocas, críticas e sugestões e o que mais der na telha.
Sejam bem vindos, velhos e novos amigos, a Subcultura está
de volta.
Subcultura
Eu e meu filho
Interagindo com um quadro do Luciano Alonso
Jirhad em ação
Visita dos meus amigos Eduardo Pletsch e Emerson Facão